Conversamos com Gustavo Ávila sobre sua rotina de escrita, o processo de publicação, estratégias de divulgação e muito mais!
Sobre
Gustavo trabalhou com redação publicitária por mais de dez anos. É autor do thriller policial “O Sorriso da Hiena”, publicado inicialmente de forma independente, mas que, depois do sucesso entre leitores e canais literários na internet, foi relançado pela Verus.
Livros Preferidos
Livro de Ficção — “Confissão da Leoa”, de Mia Couto
Gustavo: Na verdade, tem pelo menos uns três livros pelos quais eu tenho um carinho especial. Tem “A Turma da Rua Quinze”, da Vaga-Lume, escrito pelo Marçal Aquino; outro bem importante é “O Médico e o Monstro”, Robert Louis Stevenson, acho que ele consegue escrever um mistério tão real… Mas o Mia Couto é inacreditável.
Livro de Não-Ficção – Como Funciona a Ficção, do James Wood
Gustavo: Tem umas dicas muito boas. Assim, não vai te ensinar a escrever, mas vai te ajudar muito.
Perguntas
Gustavo: Comecei a escrever porque comecei a trabalhar com a escrita. Entrei para redação publicitária e não chegava a pensar em escrever literatura. Só que aí fui tendo ideias na publicidade, ideias interessantes que nunca saíam, nunca iam para frente… e ideias também que não eram do meio publicitário e que seriam legais se fossem trabalhadas de outra forma. Aí pensei em escrever essas ideias em forma de histórias e levar elas adiante.
Ficcionados: E você tinha alguma expectativa? Começou escrevendo à parte do emprego e só queria ver onde isso ia dar?
Primeiro eu quis tirar a ideia da cabeça e ver se saía alguma coisa legal. Aí eu vi que curtia essa coisa de escrever ficção e comecei a pensar em viver disso e não da publicidade. É que na publicidade tem muita ideia que não vai, sabe, é mais derrota que vitória. Quando comecei a escrever e vi que podia colocar minhas ideias na forma que eu gostaria e vi que dava certo, pensei “é isso aí”.
Só que não dava pra viver disso. Até agora, aliás, não dá pra viver disso. Então tive que levar de forma paralela: escrevia de madrugada, fim de semana, viajava pra escrever… Uma vez fiquei num sítio de um amigo meu durante vinte dias, isolado, longe da internet, das coisas que tiram a atenção.
A melhor coisa de você escrever é fazer o que você quiser realmente, sem ter um chefe. A história tá na tua cabeça e você escreve o que quiser. Tudo bem que na edição acontecem modificações, com um editor e tal, mas a primeira experiência que eu tive com edição não teve praticamente mudança nenhuma na história. Por enquanto a liberdade é muito maior e isso é muito bom.
Gustavo: Eu já tinha feito uns cursos de roteiro pra publicidade, estudei em uma escola, Miami Ad School, só de redação publicitária. É um curso bem bom pra quem quer aprender a escrever, contar história.
Depois fiz um curso com o Marcelino Freire, no Hussardos Clube Literário. O Marcelino é um escritor bem envolvido no cenário literário, então além de escrever, você também aprende a vivência no mercado escutando as histórias dele… vale muito a pena esses cursos porque você começa a entender um pouco mais o mercado, aprende como funciona as coisas.
Acho que depende muito do que você quer quando tá entrando na escrita: se quer escrever só por hobby ou se quer entrar no mercado mesmo, para viver disso. Porque, se for só um hobby, você fica mais tranquilo, você não precisa conhecer tudo, saber de mercado. Mas se for pra viver disso, precisa conhecer, até porque é muito difícil publicar, tem várias maneiras, outros caminhos, tem que pesquisar bastante sobre mercado.
Gustavo: Eu tinha a ideia inicial, a mensagem principal que eu queria passar. Daí eu já pensei num final. Depois eu fui desconstruindo em partes pra saber o que fazer pra chegar lá. Então eu tinha início, fim e fui desenvolvendo o meio. Só que algumas coisas foram mudando durante a escrita; o final continuou o mesmo, mas o meio que eu tinha mais ou menos a ideia quando comecei, acabou indo por outro caminho, uma coisa mais direcionada.
Acho mais fácil escrever assim. Mas essa foi a primeira vez que eu fiz isso, então foi mais testando como ia funcionar. Engraçado que agora eu estou com mais de 80% do outro livro e estou com dificuldade no final. Então eu até estou repensando essa forma de escrever, se vale a pena dividir tudo de forma tão metódica ou se vale a pena se soltar e deixar a história correr à medida que for escrevendo.
Quero ver se testo essa outra possibilidade pro terceiro. Assim, esses dois primeiros são policiais e eu tenho dificuldade de deixar rolar e acabar com uma ponta solta, sabe, tem muita coisa para amarrar. Se eu não souber o que eu quero um pouco mais pra frente, eu fico pensando enquanto escrevo e isso fica me travando demais.
Eu comecei a escrever o segundo livro com um assassino em mente. Daí lá pra metade eu resolvi trocar pra outro personagem, quer dizer, é uma mudança bem drástica, mas funcionava muito melhor o assassino ser esse outro personagem. Não precisava mudar quase nada na história, só o assassino ali que isso ia funcionar muito melhor pra mensagem que eu queria passar. Então no decorrer das coisas, quando os personagens vão se construindo, que veio essa mudança. É bom ter essa flexibilidade.
Ficcionados: No seu segundo livro, então, o assassino vai ser misterioso?
Gustavo: Então, é nisso que eu estou quebrando a cabeça. Eu quero falar logo nos primeiros capítulos quem é, só que ainda não estou achando a forma. Tem manhã que eu penso em revelar de cara, mas depois à tarde eu penso “pô, mas seria legal não revelar, hein? Essa parte aqui tá legal com o mistério…” Então eu ainda não me decidi.
Gustavo: Sou muito indisciplinado. Pedi demissão no começo do ano passado lá da agência para me dedicar só pra literatura durante um tempo e fiquei me bancando com o que tinha juntado. Assim, nos três primeiros meses rendeu bem trabalhar em casa, acordava cedo e tal; mas com o tempo manter a disciplina foi complicado. Por isso que vim para um coworking, você paga mensalmente, que nem academia, então você paga e tem que vir. Estou trabalhando aqui de manhã e em uma agência na parte da tarde, ganho menos mas dá pra pagar as contas. Enquanto a literatura não me mantém financeiramente eu foco nesses dois. De manhã escrevo, à tarde na publicidade e à noite fico mais lendo, pesquisando…
Li em algum lugar, do Stephen King, que devíamos escrever cinco páginas por dia. Então comecei a tomar isso como meta diária, não é muita coisa, mas também não é pouco, é uma meta possível. Tentar me disciplinar mais, a maior dificuldade do trabalho é se disciplinar. Eu me disperso muito fácil, tanto é que eu criei um outro usuário no computador, que só tem coisa do livro e não tem mais nada!
Às vezes a gente reclama muito de prazo, mas não tem nada melhor que prazo pra escrever. Tanto é que falei pra minha agente ano passado para ela me cobrar, eu tinha que entregar o livro até fim do ano. No fim das contas, eu não entreguei, ela não cobrou e não funcionou muito bem (risos). Se ela tivesse cobrado, eu pelo menos teria ficado com vergonha.
Ficcionados: Uma coisa que já comentamos no blog, que ajuda na disciplina, é ter um grupo de escrita.
Gustavo: Sim! Eu fiz esse curso com o Marcelino Freire em São Paulo, em que praticamente terminei o livro. Era uma oficina de um mês, com dois encontros por semana, e a gente fazia isso que você falou. A gente escrevia e trocava com outro cara do curso, você lia o dele e ele lia o seu. Então tínhamos que fazer isso, tinha um prazo, tinha alguém te cobrando, e o livro saiu.
Gustavo: É difícil conciliar o tempo. Às vezes alguém até me pede “lê esse meu livro aqui”, eu até gostaria, mas eu não consigo nem ler o que eu estou fazendo aqui. Teve alguns que eu já li, mas agora tá difícil. Eu também fico muito com uma neura quando me comprometo com algo assim, vou ficar escrevendo e pensando “ah, não dei resposta pro cara”. Daí eu me sinto mal e não consigo também me concentrar no meu trabalho. Mas de vez em quando eu tento fazer isso. Eu já mandei pra várias pessoas lerem e várias me responderam e isso foi muito bom pra mim. Então eu tento dar esse retorno, devolver isso pras pessoas.
Ficcionados: O chato também é quando o retorno é só um “legal”.
Gustavo: Sim, né? Fala mais, diz que tá ruim mesmo, mas se importa (risos). Mas é que as pessoas têm medo de criticar, de magoar. Acho que tem uma forma gentil de falar sem magoar. Mas tem que tá aberto pra receber também. Melhor maneira de ficar melhor é com as críticas, porque quando for pra rua de verdade, ninguém lá fora vai ser seu amigo.
Às vezes também a crítica não é muito boa. Então você tem que ver o que quer mudar. Pega o que você acha bom, o que você não tinha pensando, o que fica melhor mesmo… E o que achar que não vale, você fala “obrigado”, mas a história é sua…
E também tem a história em si também. Cada um vai ter uma experiência com ela.
Gustavo: Assim, eu terminei ele várias vezes. Terminava, aí mandava [para as editoras] e não acontecia nada; aí editava mais um pouco, terminava, enviava e nada… Então reescrevi várias vezes enquanto tentava publicar. Não cheguei a fazer da maneira convencional, de imprimir todo certinho e enviar, porque, na minha cabeça, eu duvido que todas editoras lêem.
Eu mandava por email, um pdf, caçava os editores mesmo, procurava os emails deles na internet e falava com eles. Mandei para vários, muita gente; até brinco que se um editor abrir o email dele e procurar uma mensagem minha, vai encontrar ela lá. Mandei desde para o senhor Rocco, o presidente da editora (que me respondeu inclusive, gente finíssima), até o estagiário.
Gustavo: Eu fiquei um ano e meio tentando fechar com uma editora, mas não rolou. Aí eu ia fazer com uma editora menor em São Paulo, que fez a proposta de eu entrar com um valor e ela ia entrar com outro. Só que era uma quantia razoavelmente alta e eu cheguei a dar uma olhada nos livros que ela editava e não eram livros tão legais assim: folha branca, diagramação toda amontoada, não muito cuidadosa. Aí eu pensei “putz, vou ter que pagar esse valor para fazerem isso, prefiro fazer eu mesmo e tentar um trabalho mais bacana”.
Como eu trabalhava numa agência de publicidade, meu dupla de criação fez a capa, uma amiga minha fez a revisão, outra fez a diagramação, outro fez o projeto gráfico final, uma amigo meu negociou com a gráfica um preço mais em conta… Então foi muito mais fácil pra mim também. Consegui colocar uma quantidade razoável de livros, 500 exemplares, e comecei a vender pela internet.
Gustavo: Eu não tinha pensado em marketing ainda, pensei só depois que tinha terminado. Mas também eu trabalho com isso, então facilita muito. Eu não gosto muito da publicidade hoje em dia, mas agradeço muito a ela por ter me ensinado a escrever e ter me dado as ferramentas para fazer o livro ser visto.
Mas aí eu comecei a pesquisar como as editoras publicavam, como era o marketing do livro, onde é que a publicidade do livro aparece. Tinha a TV, que não aparece muito; pensei em outdoor, em metrô e tal, mas é meio caro para quem não tem muito dinheiro.
E então eu conheci os booktubers e a galera do Instagram e comecei a mandar email. Entrei em contato com a Tatiana [Feltrin], o Victor do Geek Freak, uma galera. Perguntei como funcionava, se era só mandar o livro e tal, como era o trabalho. E a primeira a me responder foi a Tatiana, até falo que tive uma sorte nessa parte por ela ter sido a primeira, porque ela era a maior de todas. Aí fizemos um trabalho de divulgação, que era um publieditorial, que você compra um espaço lá para ela ler; mas ela deixa claro que vai ser sincera, se não gostar, vai falar a verdade. E eu falei beleza, mas fiquei nervosíssimo; já tava gastando dinheiro que não tinha, só faltava eu pagar para ela falar mal… (risos) Lembro até hoje de ter aberto o Instagram num domingo quando acordei, e lá tava a foto da Tatiana com os cinco cafezinhos, a nota máxima.
E isso ajudou a deixar o livro mais visível até para o resto da galera ali do meio, outros booktubers e tal. Então continuei em contato com eles, agora a aceitação também já tava mais fácil porque tinha o aval da Tatiana; depois veio o vídeo da Ju do Nuvem Literária. Enfim, aí mandei o livro para bastante gente, alguns do Youtube, mas principalmente do Instagram. Tenho que valorizar bastante essa galera porque, se não fosse eles, isso não teria acontecido tão rápido; eles abraçaram a causa como se fosse deles mesmo, sem cobrar nada. Eu enviava o livro e eles não tinham necessidade nenhuma de falar bem. Acho que por ser nacional e eles terem gostado, eles abraçaram o livro. Acho que as editoras deviam reconhecer mais o trabalho dessa galera, porque eles são muito focados, se quiser falar de livro é com essa galera, é o trabalho deles.
Ficcionados: Além de falar com os booktubers, você sentiu que algum dos seus outros esforços dariam/poderiam ter dado bons resultados?
Gustavo: Ah, eu mandei para uns sites de cultura e até cheguei a pensar em fazer outdoor, mas não sabia se o investimento ia valer a pena, sabe. Um amigo meu, Thomas, produziu agora para mim um booktrailer, e ficou muito bom.
Também fiz uns posts patrocinados, mas não sinto que deu muito resultado. Ainda faço de vez em quando, boto lá uns cinco, dez reais, mas não chego a botar muito dinheiro. Não sei se dá tanto resultado assim… O melhor resultado disparado é a galera do Youtube e do Instagram. Quando o livro ainda era independente, eu conseguia acompanhar as vendas pela Amazon, e sempre que saía um vídeo dava para ver que as vendas disparavam, o salto no gráfico era gritante.
Gustavo: Não, eu fiquei vendendo primeiro. Até porque dá bastante trabalho ficar empacotando livro (risos), que bom né, mas dá trabalho. Aí quando saía um vídeo dava uns trinta, quarenta, e eu ficava a madrugada inteira empacotando… Deixa eu dar uma dica para quem for publicar de maneira independente: compra uma impressora que imprime os adesivos com o endereço, quando você faz lá com o Pagseguro, ele já te dá a etiqueta para imprimir. Porque ficar escrevendo um por um…
Mas enfim, eu não continuei mandando [pras editoras] não, fiquei só com a parte de venda. Daí depois quando já tinha vendido bastante, eu fiz um relatório de como foram as vendas, coloquei todas as resenhas e fiz uma apresentação bacana. Aí eu enviei isso para algumas editoras que tinham entrado em contato. E mandei para minha agente também, e ela usou isso para contatar outras.
Assim, essa agente, a Marianna, tinha feito o trabalho de leitura crítica pra mim, já que eu queria uma opinião mais profissional antes de publicar de forma independente. E depois ficamos mantendo contato. Dentre aqueles emails que eu tava enviando antes, até teve uma estagiária que indicou meu livro para uma editora, não era a Verus, era uma outra. Quando isso surgiu, eu pedi uma opinião para Marianna e ela disse que dava para conseguir coisa melhor. E aí depois foi ela que me ajudou com a Verus.
Gustavo: É o que eu mais estou enchendo o saco da minha agente agora. Passo preciosíssimo.
Eu fui lá na Bienal e conheci a Marianna pessoalmente, até então era só pela internet, e aí a gente começou a conversar sobre isso. Ela tem um contato na Alemanha que faz esse trabalho e a gente tá vendo agora de traduzir um trecho do livro para entrar em contato com essa galera. Mas também esse é um processo demorado, caro e que provavelmente eu vou ter que arcar com boa parte dos custos, ou tudo. Então eu não sei muito bem como vai funcionar esse processo, mas temos que traduzir um trecho primeiro.
Ficcionados: Então você vai atrás de uma editora internacional mesmo? Como ficou decidido os direitos autorais?
Gustavo: Os direitos nacionais ficaram com a Verus, mas fora do país é comigo.
Ficcionados: E você não pensa em publicar independente lá fora? A Amazon permite que você imprima livros e distribua por lá.
Gustavo: É, eu não sei ainda. Essa parte eu estou deixando com a agente. Acredito que agora é mais fácil conseguir uma editora e tal. E se fosse fazer independente, eu teria que traduzir tudo, seria muito mais caro.
Gustavo: Tenho algumas, mas é mais dicas dos outros que eu só fico repassando.
Primeira dica é sentar e escrever. Às vezes a gente fica muito nessa indisciplina de “ah, não tô com vontade de escrever agora” ou “ah, não tô inspirado”. Isso é besteira, você tem que sentar na frente do computador que o negócio vem, mesmo que fique terrível, mas alguma coisa sai. E a melhor maneira de fazer sair é sentar na frente do computador, porque você é obrigado a fazer sair alguma coisa. Às vezes é só você começar que o processo continua e sai uma coisa legal. E faz disso um hábito, você tem que fazer todo dia, todo dia mesmo. Ficar algumas horas sentado ali escrevendo.
Mas também decidir se você vai fazer isso por hobby ou por um lado profissional, para saber o quanto de tempo você tem que colocar. Se quiser ser profissional, tem que levar com seriedade, praticar mais tempo e conhecer o mercado.
O que eu noto conversando com quem tá tentando agora é que, às vezes, tem um pouco de preguiça de ir atrás de informação. As pessoas querem informação muito mastigada, sabe? Tem umas perguntas que tá no meu site; lá no meu blog (link pro blog) eu falo como foi o processo e tal, e as pessoas perguntam coisa que tava lá. Quer dizer, são três, quatro posts e a pessoa nem se deu ao trabalho de ler. Falta um pouco mais de vontade, em alguns, claro que não é todo mundo assim.
E, cara, na internet tem muitas respostas, precisa ir atrás. Dá bastante trabalho, mas as respostas tão tudo aí.
Mas acho bem válido conversar com outros autores. Eles já passaram por isso, então sabem coisas que podem te ajudar. É válido, mas não pode ter preguiça.
Outra dica também é na hora de você ir conversar com a galera do Youtube e do Instagram. Assim, os caras não são obrigados a ler e falar do seu livro, muito menos de falar bem. Eu já vi casos de quando eles não falam muito bem e o autor tem um ataque “ah, eu mandei o livro para você e você falou mal!”. A gente manda o livro para eles porque a gente quer, a gente precisa muito mais deles do que eles precisam de nós. Então seja mais humilde nessa hora, mais tranquilo.
É uma dica importante para quem tá escrevendo, é ficar mais tranquilo, no geral. As coisas demoram bastante para acontecer. Cara, demora demais. E se você ficar muito ansioso e escrevendo textão na internet dizendo que o mercado não valoriza o escritor nacional… quer dizer, valoriza pouco mesmo, mas tá melhorando, e reclamar disso é perder tempo, não vai adiantar. Foca o teu tempo no que você precisa fazer, trabalhar e achar uma solução. E tem muita gente tentando ajudar, principalmente autor nacional. Você pega o Instagram ali e vê quantos tão falando de autor nacional, tem muita gente dando espaço agora. Ainda é pouco? Sim, é pouco em comparação com o que vem de fora, mas também os de fora tem um investimento muito mais alto e as editoras querem o retorno desses investimentos. É só ter um pouco de paciência e não ficar sentado esperando as coisas acontecerem.
Gustavo: Ah, foi incrível. Assim, é que eu não passei por muitos eventos e lançamentos ainda, e eu sempre ficou nervoso. Será que vai vir pouca gente? Vai vir uma, duas pessoas? Mas daí quando você chega e vê aquela filinha ali… nossa, e deu muita mais gente do que esperava. Acabou os livros do stand e a galera teve comprar lá no da Saraiva! Experiência incrível. E o contato que você tem… quando você vê uma menininha lá tremendo por falar contigo e, meu, sou igual a você. E a importância que você tem pra algumas pessoas, sabe, elas passaram um tempo da vida delas lendo o teu trabalho e de alguma forma ele foi importante para elas. Assim, elas passarem uma, duas horas na fila para um autógrafo e conversar três minutos contigo… Esse trabalho não tá me dando muito dinheiro, mas esse retorno é o que me motiva a continuar escrevendo. É muito bom.
Ficcionados: E você conversou com mais gente que tem vontade de escrever?
Gustavo: Ah, tem. Acho, sem sacanagem, uns 20% da fila, quando a gente conversa, diz que também quer escrever ou que tá escrevendo… tem muita gente nova. E o interesse em escrever, aumenta também o interesse em ler. Isso é ótimo.
Obrigado, Gustavo, pela participação e pela atenção às respostas! :)
E se você ainda não leu, não pode deixar de conferir “O Sorriso da Hiena” ! Um suspense policial que gira em torno de três personagens: um assassino traumatizado, um policial com síndrome de Asperger e um psicólogo infantil comprometido com o “bem maior”… O problema é que, para levar esse comprometimento a fundo, ele precisa compactuar com o mal. Até que ponto os fins justificam os meios?