Então você terminou de escrever e acha que sua história tá prontinha para ser mostrada para o mundo.
Mas como você vai fazer isso? Já sabe por onde seus futuros leitores terão acesso a ela? E sabe também como facilitar esse acesso?
Claro, as respostas dependem dos seus objetivos.
Você pode seguir o caminho tradicional e enviar o manuscrito para as editoras (só fica ligado em enviar para o selo certo!).
Mas esse artigo vai deixar o tradicional de lado. Há varias plataformas de autopublicação espalhadas pela internet, não é?
E vamos dar uma olhada em algumas…
Comunidades de Escritores:
Wattpad
A maior comunidade de escritores do mundo. Uma afirmação e tanto, hein?
E a plataforma continua crescendo. A virada de carreira que trouxe a alguns escritores nos últimos anos serve de inspiração para muitos.
Se não conhece, pesquise por Anna Todd, Taran Matharu, Beth Reekles (já assistiu A Barraca do Beijo na netflix?) ou Lilian Carmine (pseudônimo de Bruna Brito, brasileira que estourou no Wattpad gringo).
Tá, e como funciona isso?
Lá você pode publicar sua história aos poucos enquanto interage com outros escritores e recebe críticas de seus leitores.
Sim, dá para começar a publicar sem ter terminado a história e até dá para ir escrevendo capítulo a capítulo na própria plataforma. Mas acho melhor apresentar um trabalho já revisado e criticado por uns amigos…
Além disso, o algoritmo do ranqueamento leva em conta a frequência das atualizações. Esse é um incentivo para os escritores publicarem novos capítulos toda semana e penalizar as histórias incompletas que são atualizadas quase nunca.
Pontos positivos:
- Comunidade gigante. A plataforma tem em média 8 milhões de visitas por mês só de brasileiros.*
- Conforme a história sobe de posição em um gênero, vai atraindo cada vez mais leitores. Além das mais populares, também tem a lista dos livros em ascensão e as recomendações que o algoritmo do Wattpad faz para cada usuário (tipo o youtube). Então histórias desconhecidas podem ser descobertas.
- Se um administrador/embaixador do Wattpad encontrar e gostar da sua história, ela pode parar na página de Destaques.
- Concursos frequentes, tanto oficiais quanto não-oficiais, te ajudam a ganhar visibilidade.
Pontos negativos:
- O fórum — ou clubes, como são chamados — são internacionais. Então todos os usuários veem as mesmas discussões independentemente do idioma escolhido. Eu sou novo ainda por lá, mas até agora eu só vi discussões em inglês.
- A monetização ainda está em beta e só dá para se candidatar para teste se você já for conhecido por lá.
- Essa é mais uma opinião, mas eu não enxergo o Wattpad como uma plataforma para profissionais. Se você escreve sem compromisso, excelente. Mas se você pensa em uma carreira, embora o Wattpad ajude, não vai ser o seu ganha-pão. Claro, ele serve a seu propósito. É bom para começar e conquistar os primeiros leitores. Mas você precisa de algo mais.
Sweek
Segue os mesmos moldes do Wattpad. Você escreve e publica online e pode trocar ideia com leitores e escritores.
Embora a comunidade seja bem menor, ela está crescendo. Principalmente aqui no Brasil, agora com mais de 50 mil visitas mensais*, o segundo país entre os que mais usam a plataforma.
Além disso, os concursos por lá oferecem mais que visibilidade, como contratos com editoras ou até prêmio em dinheiro.
A proposta do Sweek vai mais longe. Ele também tem uma sessão dedicada à autopublicação, que permite colocar o livro à venda.
É uma plataforma que promete.
Pontos positivos:
- Tem um sistema de categorização e recomendações similar ao do Wattpad.
- Concursos frequentes que podem até te render um dinheiro ou um contrato com editora.
- Possui uma sessão de autopublicação para venda de livros.
Pontos negativos:
- Poucos usuários. Em termos de comunidade, não chega nem perto do Wattpad. Em termos de loja, não chega nem perto da Amazon. Mas, claro, você não precisa escolher apenas uma plataforma.
Widbook
Mais uma nos moldes do Wattpad. Embora tenha sido criada por brasileiros, ela estourou primeiro lá fora.
Das três, essa é a que menos tem acessos (não consegui nem encontrar um valor médio).
Uns anos atrás, ela fez bastante sucesso por aqui e era a grande promessa, mas acabou perdendo espaço para o Wattpad.
O diferencial é permitir que os leitores apoiem suas histórias favoritas através de doações. A intenção é bacana, mas eu também não sei se os usuários são habituados a fazer isso.
Eu até tinha ouvido falar do Widbook um tempo atrás, mas na época não dei muita atenção. E aí para fazer esse artigo dei uma sondada nele.
O que achei estranho é que de 2016 para cá, ele parece ter desaparecido da mídia. Não só não encontrei nenhuma matéria a respeito, mas também as redes sociais do Widbook estão paradas desde 2015… O blog deles, desde 2016…
Se você já conhecia a plataforma e souber de alguma coisa, deixa um comentário aqui embaixo, que fiquei curioso.
Seja como for, a comunidade continua ativa.
Pontos positivos:
- Sistema de categorização similar a do Wattpad.
- Sistema de doação por PayPal.
Pontos negativos:
- Poucos usuários.
- De uns tempos para cá, tanto o site quanto o app tem sofrido problemas de conectividade.
Outra Menções:
Luvbook: segue os mesmos moldes, com a diferença de que é uma plataforma exclusivamente nacional. Infelizmente, é muito menor do que as outras.
Lojas de Publicação Independente:
Por ora, eu vou me ater aos ebooks. Eu sei que livros físicos continuam firmes como dominantes no mercado, mas para tratar deles as variáveis são maiores. É melhor que eles recebam a atenção apropriada em outro artigo.
Amazon (Kindle Direct Publishing)
A Amazon foi um dos fatores que me fez levar a escrita a sério.
Na época, eu vinha acompanhando uns escritores independentes que tinham conseguido largar o emprego e viviam só dos livros. Não tinham fechado contrato com nenhuma editora e muitos nem tinham interesse. E a maioria deles usava apenas a Amazon.
Certo, eram americanos e britânicos. Isso era fim de 2015 e a Amazon brasileira ainda vinha procurando seu espaço no mercado. Embora mesmo hoje ela não faça frente à americana, ela cresceu muito e continua no caminho.
Começou vendendo só ebooks. Em 2014, passou a livros físicos. No primeiro semestre de 2017, instalou o marketplace permitindo terceiros colocarem livros à venda. E no segundo semestre, expandiu o marketplace para eletrônicos e itens domésticos.
Até então já se estimava que ela era responsável por 10% das vendas das maiores editoras do Brasil. Hoje o site br tem 23 milhões de visitas por mês*.
E parte dessa fama se deve à sua plataforma de autopublicação, o Kindle Direct Publishing (KDP).
Ano passado, eu publiquei uma novela gratuita por lá e tive resultados melhores do que esperava. Mas vou deixar para falar melhor dessa experiência em breve…
Pontos Positivos:
- Grande tráfego mensal.
- São enviados emails para os cadastrados com sugestões de livros baseadas nas visualizações recentes. É uma boa forma de ser notado.
- Você pode gerenciar promoções.
- O próprio site faz promoções toda semana. Se o seu livro for escolhido, não se preocupe, você recebe os royalties em cima do preço cheio (e, claro, as vendas tendem a subir).
- O seu livro pode fazer parte do acervo do Kindle Unlimited (tipo uma netflix de livros). Assim você recebe um trocado por cada página lida dentro do programa.
Pontos Negativos:
- Se você não for exclusivo da Amazon, não pode aderir ao KDP Select, ficando de fora do Kindle Unlimited e recebendo 35% do valor do livro (contra os 70% dos exclusivos).
- Esse não é um ponto negativo lá muito justo, mas comparando a Amazon brasileira com a de fora, o que mais deixa a desejar é a possibilidade de publicação sob demanda. De qualquer forma, isso foge do campo dos ebooks…
Kobo (Kobo Writing Life)
O principal concorrente internacional do Kindle. Embora a Amazon possua mais vendas e tenha seus defensores ferrenhos, o Kobo vem ganhando espaço.
Como ele é dedicado só a livros enquanto a Amazon quer abocanhar todo o mercado de varejo, muitos preferem o Kobo.
Lembrando que o papo aqui não é para comparar os e-readers, mas as plataformas de publicação. E a principal diferença do Kobo é permitir que os leitores comprem os ebooks em outros canais de venda, o que acaba minimizando as vendas no próprio site.
Em números, o site do Kobo recebe 7 milhões de visitas mensais*. Dessas, menos de 350 mil são brasileiras (não consegui um valor médio e o número pode ser bem menor que esse).
Por outro lado, aqui no Brasil o Kobo tem parceria com a Livraria Cultura. Então os livros publicados pelo Kobo Writing Life (KWL) também são disponibilizados no site da Cultura sem nenhum esforço extra.
Aí o cenário melhora, já que por lá são 4 milhões de acessos mensais*. Embora eu desconfie do quão significativa seja a venda de ebooks frente a de livros físicos pelo site.
Pois bem, a mesma novela que publiquei na Amazon, coloquei no Kobo. E a diferença de desempenho é gritante. Para mim, o Kobo não deu nem 1% do resultado da Amazon.
Pontos Positivos:
- Parceria com a Livraria Cultura.
- Possibilidade de promoções, embora em menor grau que a Amazon.
- Não exige exclusividade. É só manter o preço dentro da margem aconselhada que seus royalties serão de 70%.
Pontos Negativos:
- Menor tráfego, especialmente no Brasil.
Saraiva (Publique-se)
Essa aqui é concorrente nacional. E de peso.
A Saraiva lançou o programa em 2013 e tem tido um excelente crescimento. O site tem em média 20 milhões de visitas mensais* e é, claro, especializado em livros.
A dúvida fica em relação aos ebooks. Nenhuma das plataformas divulga o número vendas digitais ou uma comparação com as de livro físico. Mas quando se trata de ebook, é comum ouvir o nome da Amazon como favorita.
Além disso, os royalties pagos pelo Publique-se são de apenas 35%.
No fim, o que você teria que decidir é se acha que publicar na Saraiva vale a quebra de exclusividade da Amazon…
Pontos Positivos:
- Grande tráfego.
- Não exige exclusividade.
Pontos Negativos:
- Só paga 35% de royalties.
- Não tem um incentivo de promoções.
Outras menções:
Clube de Autores: referência nacional em autopublicação, embora seja mais usado para crônicas, poesias e livros técnicos. Cobra um preço fixo base por livro, e acima desse valor o lucro é do autor. Apesar de ter uma vertente forte em publicação sob demanda (POD), ela divide opiniões. Mas vou deixar para abordar a POD em outro artigo…
Bookess: já foi uma concorrente respeitável do clube de autores, mas tem perdido espaço. Paga 50% dos royalties para ebook e também trabalha com POD.
Lulu: essa não vingou aqui no Brasil, mas é grande lá fora. Chega a pagar 90% de royalties em ebooks. Ainda assim, ela também divide opiniões dos gringos.
Smashwords: essa aqui já é um tanto diferente. Ela faz um intermédio entre você e as outras plataformas, permitindo que você gerencie a distribuição da sua história em um único lugar ao mesmo tempo que a disponibiliza em diversas lojas.
*Números vistos através do SimilarWeb.
Palavras Finais
Só você sabe o que quer alcançar com a publicação e, dependendo do objetivo, uma plataforma vai ser melhor que outra.
Além dos números, não se esqueça de pensar onde seu público pode estar. Mesmo o Wattpad sendo gigante, você pode descobrir o seu espaço no Sweek…
Ah, e se usa uma plataforma que não foi citada aqui, deixe nos comentários.
Até a próxima!