Conversamos com o Rodrigo Van Kampen sobre a sua revista de contos, a evolução do seu modelo de negócio e o mercado nacional de ficção.
Se você está à procura da opinião de alguém que está por dentro da fantasia e da ficção científica nacional, acabou de encontrar!
Sobre
O Rodrigo é escritor e redator publicitário. Atualmente é editor da Trasgo, mantém o site Viver da Escrita e possui uma oficina de redação. Também já escreveu alguns contos e o livro “Trabalho Honesto”.
Livros Preferidos
Ficção – “Belas Maldições”, de Terry Pratchett e Neil Gaiman.
Não-Ficção – Rodrigo: Não tenho exatamente um livro favorito, até porque muito do que leio de não-ficção são artigos. Ok, alguns artigos têm tamanhos de livros, e se fosse para recomendar um, seria esse sobre elefantes: “Do Elephants Have Soul?”, de Caitrin Nicol.
Mas um livro de não-ficção que eu recomendo e tem tudo a ver com o nosso papo é esse aqui: “Ateliê de Criação Literária”, de Luiz Bras.
Perguntas
Rodrigo: A Trasgo foi uma confluência de várias ideias, vários projetos. Eu fiz faculdade de Jornalismo, e a minha ideia na faculdade seria entregar um trabalho de conclusão de curso que fosse uma revista de contos. O projeto não vingou, por falta de incentivo de professores, falta de alguém pra orientar, e fiquei com essa ideia na cabeça.
Eu sempre escrevi, sempre li bastante e sempre gostei bastante de contos. E alguns anos depois eu fui descobrir as revistas americanas de contos. A Lightspeed, a Clarkesworld, a Asimov’s, a tor.com… Em especial a Lightspeed. Eu gostei muito dela. E quando eu li os contos da Lightspeed, em inglês, eu queria sair mostrando pra todo mundo, queria falar “nossa, esse conto é muito bom, leiam isso”. Mas a maioria dos meus contatos não lê em inglês. Eu estava lendo contos excelentes e não tinha muito com quem compartilhar, então eu fui atrás de um material em português. E eu não achei. Não achei revistas brasileiras que trabalhassem com isso, que publicassem contos, que fossem umas revistas interessantes.
O que acontecia era o seguinte: o Wattpad já estava bem grande, há três anos, quando a gente abriu, e já tinha muito blog, muita publicação, mas é tudo sem nenhuma curadoria. Então, por exemplo, você entra no Wattpad e como é que você vai saber o que dali vale a pena ler? O que dali é interessante? Porque é aquela regra, 95% de tudo é muito ruim. E como que você vai achar os 5% de que realmente valem a pena? Então eu queria que tivesse um espaço bom pra curadoria.
A segunda questão é a questão da edição. A maioria do que é online é autopublicado. E ok, nada contra a autopublicação, mas não é um material que passou por uma leitura crítica, por uma reescrita, após um trabalho e edição mais atento. A ideia de abrir a revista é ser um espaço onde os contos ali fossem realmente trabalhados para a publicação; a gente poder realmente mexer bem neles.
Assim, foram todas essas ideias que confluíram até a Trasgo nascer.
Ficcionados: E desde quando você teve essa primeira ideia, qual foi a motivação que te fez de fato tirar essa ideia do papel e falar “não, vamos fazer”.
Rodrigo: Eu não sei, eu sou meio maluco com projetos. Eu estou sempre envolvido com dois, três projetos, e aí deu vontade de fazer… Mas teve também aquela situação que todo mundo passa: você tá num emprego que você não tá muito contente e aí começa a olhar pro lado. Eu sempre gostei muito de literatura, e eu pensei “bom, vamos investir mais em literatura”. E a Trasgo foi um jeito de eu dar vazão à essa vontade que eu tinha de trabalhar mais com literatura. Isso também casou.
Rodrigo: Bom, eu participo de fóruns de contos desde que eu tinha 14, 15 anos de idade. Então, por exemplo, tinha um fórum da Spell Brasil, que era um site de RPG e tinha uma área de contos dentro do fórum. E eu via uma boa troca, tinha uma comunidade bem legal lá dentro; foi o meu primeiro contato, isso dentro do ensino médio. A comunidade nem existe mais, foi migrando… Nessa época eu lembro que eu interagia pouco, mas interagia com a comunidade de contistas que tinha dentro do portal do Jovem Nerd, quando eles ainda tinham uma comunidade lá dentro. Como eu sempre li bastante, sempre escrevi bastante, você vai fazendo contatos.
Então eu já tinha uma rede de contatos pequena, mas que serviu pra fazer esse convite. E também foi um convite meio no escuro, quando o pessoal aceitou publicar na primeira edição o pessoal aceitou acreditando no projeto que eu vendi, porque ainda não tinha nada que garantisse que ia dar certo. Então eu simplesmente entrei em contato e disse “olha, a ideia é fazer uma revista assim”. O primeiro foi tudo convite. E aí faltaram duas autoras que eu pedi recomendações de quem já tinha aceitado entrar. Então a gente fez o grupo que era da primeira edição. E a segunda também, boa parte foi convite, a gente recebeu algumas submissões, pouca coisa, e foi crescendo. Hoje eu estou trabalhando na edição 15, e praticamente não tem convite mais. É só o que a gente recebe pelo site mesmo.
Ficcionados: Você pode compartilhar quantos contos vocês estão recebendo por edição?
Rodrigo: A gente recebia perto de 100 por edição. Caiu um pouco, a gente tá recebendo por volta de 50 por edição, mas a qualidade subiu bastante. Eu tava até trabalhando nisso mais cedo, a gente tá com 10 contos na mão, e vamos publicar 6… E estamos quase jogando tudo pra cima e o que cair a gente publica, porque a gente tá com um material muito bom mesmo.
Rodrigo: Ah, foi um crescimento orgânico, mas foi um crescimento orgânico incentivado. A gente não fez grandes campanhas. Sempre teve um investimento financeiro, mas foi pequeno, coisa de 50 reais por mês, só pra dar uma impulsionada. Até porque, no Facebook mesmo, se você não paga você não aparece pra ninguém.
Mas uma coisa que a gente fez desde o começo foi tentar trabalhar muito com blogs de literatura e fantasia. Eu mandei release pra quase todos os blogs que conhecia. Youtuber também, mas youtuber a gente tentava entrar em contato e nunca conseguiu muito bem uma entrada, não sei por quê. Talvez porque eu não tenha muito contato com eles, e youtuber já recebe muita proposta, então uma revista nova, uma revista pequena, acaba sumindo no meio de propostas maiores, de editoras. Mas a gente trabalhou muito com blogueiros menores. Podcasts também; eu entrei em contato com vários podcasters, e também a gente teve um retorno muito bom. De edição em edição a gente ia tentando trabalhar com a margem que tinha pra fazer isso.
Rodrigo: O que acontece é o seguinte: desde o começo a ideia da Trasgo sempre foi ser uma revista profissional. Isso é uma questão até de postura, do que a gente publica, de como a gente quer trabalhar. A ideia de ser profissional envolve pagar os autores, pagar a equipe, porque basicamente escrever é trabalho. Eu sou formado em Jornalismo, sou redator publicitário, eu vivo do que eu escrevo; não de literatura, mas de não-ficção, de redação publicitária, e eu acho de certa forma um absurdo que os autores escrevam, tenham todo o trabalho de escrever, e paguem, e não vejam o retorno desse dinheiro.
É muito complicado, a gente tem que separar cada coisa em seu lugar. Na autopublicação, por exemplo, o autor paga, mas aí nesse caso ele recebe todo o lucro daquela venda, daquela tiragem, ele que decide como vai ser o livro. A partir do momento que o autor paga e não recebe todo o lucro, recebe uma porcentagem, começa a ficar um pouco esquisito.
E aí existem outras modalidades do autor pagar, como o autor ser obrigado a comprar um certo número de livros, os modelos variam. O meu problema com coletâneas onde os autores são obrigados a pagar ou comprar um certo número de livros é a curadoria. Pra editora, quanto mais autores melhor. Então eu fico com um pé atrás em relação à qualidade do material. Existem editoras que trabalham muito bem e existem editoras que só servem pra extorquir os autores, e é difícil pra gente estabelecer uma linha. O [Neil] Gaiman tem uma frase simples, que o dinheiro precisa fluir na direção do autor. Quando não flui para o autor, flui do autor, tem alguma coisa errada nessa história. Isso em toda a cadeia da produção literária.
E a questão de pagar também é meio complicada porque é muito fácil você falar que vai pagar se você tem dinheiro, mas a gente não tinha. Então desde o começo eu não tinha como falar “não, vou pagar”. E bancar um projeto desses eu não tenho a menor condição. Então a gente demorou até conseguir ter uma arrecadação pra conseguir pagar os autores. Foi todo um processo. No primeiro ano a gente queria visibilidade e todos os autores sabiam que não iam receber nada; a ideia era a gente expandir o projeto, crescer, tornar mais visível.
No segundo ano a gente fez a experiência de vender as edições. A ideia era vender a revista e pagar os autores. Mas a nossa vendagem era muito muito baixa. Teve edição que vendeu 14, 15 unidades. Então a gente não tinha a menor condição de pagar os autores com essa arrecadação. O segundo ano foi meio que… Assim, eu não digo que foi um fracasso porque a qualidade da revista só cresceu. Mas como modelo de negócio ele mostrou pra gente que não era possível sobreviver de vendagem.
Então no terceiro ano a gente abriu de novo todas as edições e passou a trabalhar só com o Padrim, com doação. E isso se mostrou, pra Trasgo, um modelo bastante viável. A gente tá crescendo nesse lado com o apoio dos nossos padrinhos. E aí sim, a gente passou a ter dinheiro pra pagar os autores. Tanto que o modelo de contrato de pagamento da Trasgo é que a gente paga uma porcentagem sobre a arrecadação do Padrim. A gente não paga um valor fixo, até porque a arrecadação é variável. Então, por enquanto, a gente tá nesse modelo.
Ficcionados: Você falou que não era rentável esse modelo de trabalhar vendendo a revista diretamente. Alguma ideia de por quê?
Rodrigo: Tem um livro da Amanda Palmer que se chama "A Arte de Pedir". É um livro que fala sobre a questão de comunidades e a relação entre comunidades e dinheiro. E a partir do momento que ele se torna um produto… Por exemplo, a Trasgo custa 5 reais e é um produto, a comunidade perde um pouco o incentivo de ajudar. Então assim, a relação fica muito mais mediada por uma relação financeira. Enquanto que em outros modelos de apadrinhamento e doação você estabelece, com a sua comunidade, uma relação diferente. É um pouco nesse sentido que a venda da revista não foi muito bem. Eu acho que é por aí, mas sinceramente é um chute.
Rodrigo: Falta. Falta muita coisa pra muita gente. Mas aí que tá, é difícil.
Primeiro, falta profissionalização pro escritor de FC e fantasia brasileiro, porque a gente tinha poucos cursos e pouco incentivo a realmente estudar, a aprofundar. Então a gente tem muito no brasil aquela autora que escreve, sempre escreveu, e publica no Wattpad, autopublica, mas nunca estudou literatura de uma forma um pouco mais formal. E eu não digo na faculdade, digo em cursos de escrita, oficinas de redação, que você tem uma troca um pouco maior e um pouco mais aprofundada do que simplesmente uma comunidade que comenta “nossa, que lindo, maravilhoso” pra maioria das coisas. Não que isso necessariamente aconteça.
Então eu acho que a busca por mais conhecimento, por mais técnica de escrita, é uma coisa que realmente faz muita diferença. Hoje a situação melhorou bastante, porque a gente tem muito mais cursos, principalmente online e fora dos grandes centros, porque antes você praticamente só achava em São Paulo e Rio.
A segunda coisa é diminuir um pouco a síndrome de vira-lata, de achar que o Brasil não serve como cenário ou como cultura dentro da ficção científica, dentro da fantasia. Então você tem aquela fantasia medievalista inglesa, e você tem aquela FC americana, principalmente FC americana de guerra fria. E aí você tem um distanciamento primeiro entre autor e tema, e segundo entre tema e leitor. Quando você trabalha uma ficção científica mais pé no chão, passada em São Paulo, com a nossa cara, a nossa cultura, você já tem um maior domínio natural do autor sobre aquele tema, e uma maior aproximação daquele tema com o leitor. Eu acho que essa é uma questão de trabalhar mais, de perder um pouco essa síndrome de vira-lata, de falar “não, eu preciso escrever um conto que se passa em Nova Iorque”, quando que a gente pode ambientar no Brasil de uma forma bem mais interessante.
E o mesmo vale pra fantasia. Tem gente que fica bravo, fala “não, não vou escrever fantasia brasileira com o saci”. Você não precisa escrever com o saci. Tem uma nova leva de contos de fantasia que trabalham com o Brasil colônia que são bem interessantes, que eu tenho visto, tenho recebido na Trasgo.
E acho que é uma questão de buscar um profissionalismo. Acredito que falta mas acredito também que tem mudado muito. Eu tenho visto cada vez menos escritores estrelinha e cada vez mais escritores que vem com uma postura mais aberta, pra ter o texto mais editado, mais trabalhado.
Rodrigo: Eu acho que em primeiro lugar é desconhecimento. O brasileiro não conhece o que tem sido produzido no Brasil. A gente ainda não pode dizer que a nossa produção, principalmente de fantasia e ficção científica, é tão boa quanto o que tem lá fora, porque simplesmente não é. Ainda não é.
Mas a gente tem alguns escritores aqui, e escritoras, que são tão bons quanto o que vem lá de fora. Então, assim, se a gente comparar a maioria daqui com a maioria de lá, a gente realmente fica mais pra trás, mas se a gente compara os melhores daqui... A gente tem escritores muito bons, que fazem uma ficção muito rica, muito interessante, e as pessoas não conhecem essas obras que são publicadas por aqui.
A ideia da Trasgo era também apresentar um pouco a FC e fantasia nacional pra mostrar que tipo “ah, isso é brasileiro, feito no Brasil, e tem uma qualidade muito boa!”
Mas eu acho que tá mudando. E acho também que é um pouco problemático que as editoras brasileiras ficaram sem publicar ficção científica e fantasia por muito tempo. Fantasia elas voltaram a publicar depois de Harry Potter, e a gente tá vendo um crescimento no interesse por FC, mas por muito tempo publicou-se pouco material de nicho, de gênero. E aí você tem uma geração que conhece os clássicos, que conhece Asimov e Clarke, mas não conhece Charlie Jane Anders, que ganhou o Nebula, que escreve coisas absurdas de boas. Então a gente tem isso, o leitor não conhece o que é atual. Tanto nacional quanto internacional.
Ficcionados: É, principalmente ficção científica tem esse aspecto, que as obras podem acabar ficando um pouco datadas.
Rodrigo: É, mas o problema nem é quando a tecnologia fica datada, é quando o cenário fica datado. Muito do que foi escrito na FC foi escrito sobre um contexto de guerra fria, um contexto do movimento hippie, então tem muita coisa que reflete a cultura de uma época, não reflete a cultura de hoje. E aí tem muito autor escrevendo hoje e tentando imitar a cultura de uma época que não é hoje. É aquela coisa, a FC sempre vai trabalhar com o presente projetado pro futuro.
Rodrigo: Eu acho que o que tem sido feito e já tem sido muito bom são os blogs, os youtubers, os podcasts que trabalham com literatura… Eles já têm apresentado uma nova geração de escritores, já tem apresentado a literatura nacional de forma muito mais interessante.
Divulgar e comentar o livro dos seus autores favoritos é muito mais importante, às vezes, do que outras ações que aparentemente seriam maiores.
E as editoras também tem investido aos poucos, num movimento bem gradual, em autores de fantasia nacionais, que tem uma nova geração que tá começando a publicar por editoras cada vez maiores, por exemplo o Felipe Castilho, Eric Novello, Roberta Spindler… Enfim, todo um pessoal que tá migrando de editora em editora pra editoras cada vez maiores, que tem uma capacidade de investir mais nos autores. E é aquilo lá, quando você tem um autor brasileiro de fantasia que vende bem, ele acaba necessariamente puxando os outros.
Isso sem falar no [Raphael] Draccon, no [André] Vianco, nesses autores que já tem um público bem maior.
Rodrigo: Eu acho que é um caminho, é um caminho muito válido. Eu tenho um livro autopublicado também; eu não tenho muita cara de editora, resolvi optar por autopublicação. Mas a autopublicação é bem legal pra principalmente criar um público inicial pra entrar numa editora, se isso for a sua intenção. Porque pra muita gente a autopublicação é um caminho que só cresce. A ideia não é chegar numa editora, é simplesmente conquistar mais público e continuar produzindo.
A questão da autopublicação é que ela precisa ser feita direito. Eu tenho muito problema com autopublicação que é feita meia-boca. O autor simplesmente termina o texto e coloca lá na Amazon pra vender, ou até no Wattpad, onde existe até uma tolerância maior com o texto menos finalizado.
Mas é uma questão de que nenhum autor, por mais profissional e incrível que ele seja, tem a capacidade de colocar o ponto final e o livro estar pronto. Acredito que o processo de leitura crítica, edição e revisão é essencial pra todo mundo, inclusive pra quem é autopublicado. Então, nesse sentido, acho que a autopublicação é excelente quando ela é feita direito, quando o autor investe um pouquinho em leitura crítica, em edição, de repente numa capa um pouco melhor, em profissionais que vão trabalhar aquele livro como objeto, como texto, e entregar um material melhor pro público. Tem muito autor que acaba se queimando numa dessas, que lança um livro autopublicado e o livro é muito ruim, o livro tem falhas de roteiro, tem até erros de gramática, que acredito que é até bem mais grave. E ok, nem todo mundo tem dinheiro pra investir nisso, mas pelo menos meia dúzia de amigos pra fazer a revisão já seria de bom tamanho, seria o mínimo. Eu acredito que é um trabalho, um investimento.
Mas tem também a questão de qual é o objetivo do autor com aquele livro. Tem gente que o objetivo é simplesmente entregar pra meia dúzia de pessoas e é isso aí, tá feliz assim. Então aí realmente não faz sentido a minha crítica; mas se o objetivo é construir uma carreira com a escrita — até porque nenhum escritor faz carreira em um livro só, são raras exceções — você precisa de vários livros, de repente alguns autopublicados e alguns por editoras, até que você tenha realmente uma carreira literária.
Rodrigo: É difícil. Como eu trabalho em casa, eu consigo organizar um pouco melhor os meus horários pra escrever, mas é pesado. Tentar arranjar tempo pra escrever é bem complicado. Como o que eu mais quero fazer é escrever os meus projetos, eu acabo inventando tempo, escrevendo da meia noite às seis… Depende de quando você fizer essa pergunta. Se você fizesse essa pergunta há seis meses, eu estava escrevendo bem. Aí hoje eu estou com um romance parado que eu não mexo nele faz um mês. Mas são fases, daqui a pouco eu volto a trabalhar nele.
Mas em geral, hoje em dia, eu consigo arrumar tempo. Ou inventar tempo. Mas não é muito fácil não. O problema também é que eu tenho muito projeto. Tem a Trasgo, tem o Viver da Escrita, a oficina de redação, a Trasgo agora tem um podcast… E além de tudo isso a gente precisa comer. Então acho que eu sou meio maluco.
Rodrigo: Acho que, primeiro, é paciência. Tem muita gente que tem pressa de publicar, e escrever é uma coisa que exige técnica, exige conhecimento, mas exige também uma certa vivência. Então não adianta ter pressa. A dica mais importante é ter paciência, porque dentro dessa dica você tem todas as outras contidas. Você vai ter que lidar com várias rejeições. Vai ter que continuar escrevendo um, dois, três contos até que você tenha um aprovado, você vai pesquisar, fazer cursos e melhorar a sua escrita, seja numa oficina presencial, seja numa oficina online, seja simplesmente lendo muito material. Tem muito material gratuito disponível em blogs, sites e vídeo-aulas…
E a segunda dica é procurar a sua comunidade. Ir em lançamentos de livros, ir em feiras, eventos de literatura… E procurar os escritores que você gosta, conversar com eles. Porque essa comunidade é benéfica tanto pro cenário da literatura de fantasia e ficção científica brasileira quanto pro próprio autor iniciante, porque ele também precisa ser descoberto. E pra isso ele precisa estar em contato com as pessoas, tanto iniciantes quanto mais experientes. Tem que sair um pouco da casca do ovo, sair da timidez.
Agradecemos muito sua participação e a atenção às respostas, Rodrigo!
E se você, ficcionado, ficou curioso para conhecer o trabalho do Rodrigo, dê uma conferida em seu livro “Trabalho Honesto”.
É uma novela cyberpunk bem-humorada, que se passa em uma Campinas futurista, com elementos do nosso folclore: lobisomens, sacis e cucas... Conta a história de Rhalfe, um lobisomen que, em meio ao seu processo de integração à civilização humana, torna-se o braço de Victor Sombrera, chefe da máfia, buscando solução para casos sobrenaturais. Só que nesse cenário a máfia não é exatamente ilegal... Se você está procurando piadas com cafeteiras assassinas, pães-de-queijo e perseguições de moto em um cenário brasileiro, não pode deixar de conferir!
Também não deixe de acompanhar o que há de melhor nos contos de fantasia e FC nacional!